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Como Lidar Com Pensamentos Ansiosos na Crise Atual

​Você já se pegou puxando um fio da sua camisa que esta ali meio solto, foi puxando, puxando e puxando, e quando se deu conta, você tinha descosturado aquela parte da camisa? – Quando falamos de pensamentos ansiosos, e até os depressivos, o processo que acontece é mais ou menos parecido com o que acontece com o fio da sua camisa.
 

Antes de aprender a lidar com esses pensamentos, você tem que entender como eles aparecem e como eles influenciam nossas emoções.

Com base na Psicologia Cognitivo Comportamental, todos nós temos um processo interno de perceber e interpretar as situações a nossa volta - sobre o mundo, as pessoas e até sobre nós mesmos.

Toda essa interpretação geram um pensamento a respeito disso, esse determinado pensamento gera uma ou mais emoções, isso pode gerar algumas reações fisiológicas em nosso corpo, e com base em tudo isso, nos comportamos.


Vou exemplificar um possível pensamento ansioso com a situação atual só para explicar esse modelo:

"Eu sou uma pessoa totalmente incapaz por ficar em casa"
 

  • Ao ter esse pensamento, ele pode gerar emoções como tristeza, ansiedade, e a intensidade dessas emoções depende da “intensidade” do seu pensamento.

  • Nesse ponto, podem vir algumas reações condizentes com a ansiedade, como falta de ar, aperto no peito, boca seca, você pode até sentir calafrios ou uma onda de calor.

  • E quando chegamos no final desse processo, vem o comportamento. Pode ser uma ação em si, como por exemplo ficar mais tempo na cama, deixar de realizar alguma atividade diária, ignorar ou deixar de fazer alguns comportamentos de segurança nos dias de hoje como lavar as mãos com álcool ou ficar em casa, e o comportamento também pode ser um novo pensamento, mais intenso que o primeiro, como por exemplo "eu não tenho nada para fazer em casa" ou "Eu não vou surtar passar por essa fase"..... E aqui, você começa a entrar em um ciclo de pensamentos cada vez mais intenso.

É o “fio” sendo puxado, “descosturando sua camisa”.

 

É isso que acontece quando damos "inicio" naquele primeiro pensamento "catastrófico", ou "negativo" por assim dizer.

Hoje, estamos em uma situação de isolamento, de quarentena por conta do Corona Vírus, notícias e atualizações a todo momento, e toda essa situação passa pelo seu filtro de perceber e interpretar cada uma delas, gerando pensamentos e mais pensamentos.

VAMOS A DICA QUE QUERO DAR PARA VOCÊ AQUI:
 

Quando você se perceber ansioso, assustado, com medo, que está passando por uma alteração de humor, você pode tentar IDENTIFICAR qual pensamento está gerando tudo isso.

Ao parar para avaliar, é como se você estivesse "saindo" do modo emocional e "ligando" o modo racional. E essa parada, é como se você não continuasse a descosturar mais ainda a sua camisa.

Pode ser difícil no início, mas como toda habilidade ela pode ser aprendida.

Um exercício que pode ser feito é anotar esse pensamento em um papel e depois analisar o que escreveu.

 

Escrever faz com que você “tire” o pensamento para fora, e pode ajudar você a analisa-lo como algo realmente a ser resolvido.

Depois faça duas colunas no mesmo papel, de um lado escreva as evidencias ou argumentos que comprovam que o que você está pensando de fato é uma verdade, e do outro lado escreva os argumentos e fatos que invalidam o seu pensamento - se debruce como se ele fosse mesmo uma questão a ser resolvida.

Após isso, tente encontrar soluções para "amenizar" a situação que esse pensamento expõe - Tente imaginar como outra pessoa conseguiria resolve-lo, se esse fosse o pensamento de outra pessoa, alguém que você gosta, como você a aconselharia. Olhar para fora pode ser mais fácil para você.

Essas é uma das várias maneiras de lidar com esses pensamentos mais acelerados que ensino meus pacientes em meu consultório. Pode ser que em um primeiro momento, ao escrever, você se sinta mais ansioso, mas respire, inspire bem fundo por alguns minutos, traga seu pensamento para o presente, escreva, identifique e avalie esse pensamento, mesmo que a avaliação você realize depois de alguns minutos.

Caso você perceba que não está lidando bem com tudo isso, que esse exercício não está sendo possível ou difícil de ser realizado sozinho, não tenha medo. Procure ajuda, procure um profissional, procure um psicólogo.

Estamos em um momento onde não podemos sair de nossas casas, mas existem outras formas de receber ajuda como o atendimento online por exemplo.

Não puxe por muito tempo esse fio da sua camisa.

Acompanhe suas alterações de humor. Preste atenção aos seus pensamentos. Anote-os e avalie-os.

Cuide da sua saúde mental. Treine essas técnicas em casa, faça pelo menos um pouco desse exercício por dia, e seja o seu próprio terapeuta.

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RICARDO BERGAMASCO

Psicólogo 06/106590

Dúvidas e Orientações 

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